Quase todo resultado de uma análise química trás embutido uma incerteza. Essa incerteza deve ser expressa no laudo analítico e geralmente vem logo depois do resultado da análise e é apresentado entre parênteses ( ) ou antecedido de uma notação de “mais ou menos” (±). Por exemplo: uma análise de bixina em sementes de urucum cujo resultado foi 4,0 gramas de bixina por 100 gramas de semente (ou 4%) e cuja incerteza foi de 0,2 g/100 g (ou 5% do valor encontrado) deveria ser expressa das seguintes formas: Bixina = 4,0 g/100 g (0,2 g/100 g) ou 4 g/100 g ± 0,2 g/100 g. Mas o que isso significa?
No processo analítico, ou seja, durante a realização da análise, várias etapas são necessárias. Por exemplo: na determinação da concentração de pigmentos em uma amostra de sementes de urucum é necessário de pesar certa quantidade de sementes, adicionar um determinado volume de solvente para extrair os pigmentos, separar as sementes do extrato, realizar quantas diluições forem necessárias para a leitura da cor e finalmente “ler” a cor no espectrofotômetro. Cada uma dessas etapas pode conter pequenos “erros” que juntos representam um valor a ser considerado no resultado final da análise. Por isso cada resultado de um laudo é uma média de algumas repetições analíticas da mesma amostra.
Geralmente as repetições analíticas apresentam resultados um pouco diferentes. Vamos voltar ao nosso exemplo de análise de bixina em sementes de urucum. Vamos também supor que o resultado da análise de nossa amostra de sementes de urucum foi obtido por meio de três repetições analíticas (ou seja, o procedimento analítico foi integralmente repetido três vezes para a mesma amostra). Essas três análises deram como resultados os seguintes valores de bixina por 100 g de sementes: primeira análise = 3,8 g, segunda análise = 4,0 g e terceira análise = 4,2 g. Se calcularmos a média dos três resultados teremos uma concentração média igual a 4,0 g/100 g de semente. Mas só esse valor não nos informa que houve uma variação nas análises e que as sementes analisadas podem ter desde 3,8 g /100 g até 4,2 g/100 g. Por isso existe a necessidade de também expressar a incerteza do resultado, ou seja, nossa amostra tem 4,0 g de bixina por 100 g de semente com uma incerteza de 0,2 g/100 g.
Em alguns casos essa incerteza é chamada de desvio padrão ou estimativa de desvio padrão. O desvio padrão é uma forma estatística de expressar a incerteza.
Com essa postagem nós terminamos a série “A análise dos pigmentos da semente de urucum” que tenta de forma bem simples facilitar a interpretação de um laudo de análise de pigmentos de sementes de urucum. Esperamos que seja útil, principalmente para os envolvidos no mercado de sementes de urucum, tanto o produtor como o comprador dessas sementes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário